segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Viagem dos estudantes a Antárctida (Lat. 60)


Vanessa Gouveia, da Agência Lusa(...) "Esta experiência não é acessível a todos. Vamos ter oportunidade de ir a um sítio onde vamos poder assistir ao aquecimento global ao vivo. Vai ser extraordinário", revelou à Lusa Inês Martins, uma das vencedoras da viagem.
Depois de seis meses à espera - a vitória no concurso "À descoberta das Regiões Polares" foi conhecida a 29 de Junho deste ano - os sete jovens vitoriosos nas categorias Escritor Polar, Ensaio Científico, Website e Audiovisual embarcam no dia de Natal com destino ao único continente exclusivamente reservado à exploração científica.
"Já nem penso no Natal, de tão entusiasmado que estou com esta viagem", afirmou à Lusa Miguel Guerreiro, um dos ex-alunos da Anselmo de Andrade, enquanto relatava os preparativos para um destino que requer cuidados especiais.
Roupas térmicas, cremes de protecção contra queimaduras do gelo e apreender os conhecimentos necessários para estudar o continente mais a sul do globo foram alguns dos requisitos necessários para os quatro jovens avançarem com a viagem.
O concurso, organizado a nível nacional pelo projecto educativo Latitude 60, surge no âmbito do Ano Polar Internacional, destinado a promover e divulgar os conhecimentos sobre as zonas polares que decorre no biénio entre Março de 2007 e Março de 2009.
A coordenação do Ano Polar está a cargo do Conselho Internacional para a Ciência, "envolvendo cerca de 200 projectos, 27 instituições internacionais e milhares de cientistas de diferentes áreas, num total de 50 mil participantes distribuídos por 60 países", explicou à Lusa Ana Salomé David, do Latitude 60.
Marta Alves, Miguel Guerreiro, Inês Martins e João Covita foram quatro dos seleccionados e, depois de recolherem donativos para custear as viagens, no valor de cerca de 11 mil euros, contam ansiosamente os dias até à partida.
"Estou extremamente entusiasmada, ainda nem tenho consciência da viagem que vou fazer", disse à Lusa Inês Martins, estudante de Medicina Veterinária, que se orgulha de ser uma dos 15 mil visitantes que pisaram este ano o continente do Pólo Sul.
A resposta a perguntas como "Porque que é que os ursos não comem pinguins?", "Onde fica o buraco do ozono?", "Os pinguins têm penas ou pêlos?" ou "Os pinguins são mamíferos ou aves?" foi o ponto de partida para a realização de um documentário de 17 minutos que pretende "alertar os outros para os perigos das alterações climatéricas e do degelo das zonas polares", referiu Marta Alves.
A proposta de realização do documentário surgiu nas aulas do 12º ano de Área de Projecto, uma disciplina leccionada pela professora Emiltina Matos em que eram propostas várias temáticas com desafios, como participações em concursos ou reconhecimentos internacionais.
"É incrível pensar que estes miúdos foram capazes de criar um guião técnico correcto, mas ao mesmo tempo atractivo e elaborado a maior parte das vezes fora das aulas", elogiou a professora de Biologia.
Os jardins de Belém e da Ajuda, a Mata dos Medos e a Arriba Fóssil da Costa de Caparica, as praias da Costa ou o Oceanário serviram de palco à recriação do ambiente que se vive nos dois pólos.
Sob o pseudónimo "Ice Scream" ("Grito do Gelo", em português), os quatro alunos pretenderam "chamar a atenção para questões do aquecimento global, degelo e risco para as populações e biodiversidade dos pólos", referiu Emiltina Matos.
A viagem vai incluir várias actividades pedagógicas e uma visita à região da Península Antárctida, explicou a responsável do Latitude 60.
Os jovens viajarão englobados num grupo de cerca de 60 pessoas, oriundas de diversos países, que se deslocam à Antárctida por razões diversas, desde vitórias em concursos, a viagens de lazer ou deslocações de cientistas.
A viagem será longa: depois de partirem terça-feira de Lisboa, os alunos terão de realizar uma escala em São Paulo, Brasil, mudando depois de voo em Buenos Aires, Argentina, para seguir até Ushuaia, a cidade mais a sul do continente sul-americano.
Daí parte o navio canadiano "Estudantes no Gelo", um barco que, além de aulas sobre as zonas polares, dará a oportunidade a estas 60 pessoas de pisar o solo da Antárctida.
À medida que o dia de partida se aproxima, o entusiasmo mistura-se com algum nervosismo.
"Já passou tanto tempo que estes últimos dias é que vão ser os mais duros em termos de nervos. Ao mesmo tempo, recolhermos o fruto da nossa vitória vai ser muito bom", referiu João Covita.
Esta vai ser também uma oportunidade para os quatro estudantes se reencontrarem, já que todos iniciaram os seus percursos universitários, à excepção de João, que ficou este ano a fazer melhorias, depois de a média de quase 16 valores não lhe ter pemitido o acesso ao curso de Medicina.
"Os estudos já não nos permitem estarmos muito tempo juntos e a viagem vai servir para recordarmos coisas muito boas", referiu Marta Alves.
Além dos quatro estudantes de Almada, embarcam para a Antárctida mais três jovens, todas do distrito de Setúbal, que ganharam prémios individuais noutras categorias a concurso.
Irina Boteta, da escola secundária do Pinhal Novo, venceu na categoria "Escritor Polar", Andreia Raposo ganhou o primeiro prémio para o "Website" e viaja de Grândola, e Inês Murteira, também do Pinhal Novo, venceu na modalidade de "Ensaio Científico".
O regresso está previsto para 9 de Janeiro, depois de 15 dias de exploração da Antártida.

Artigo retirado de: http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/YBv2fkoJRW0+EBiyYLK17Q.html

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